Resumo:
O vírus Zika foi descrito pela primeira vez em 1947, em Uganda/África, mas até 1958
não parecia uma ameaça à saúde pública, ano em que foi registrado o primeiro caso de
infeção pelo Zika em humanos. A partir da década de 70 o vírus Zika disseminou-se da
África para outros continentes e chegou às Américas a partir de 2013, gerando uma grave
epidemia. Esse vírus é propagado por mosquitos do gênero Aedes e em 2015 descobriuse seu potencial teratogênico, que se tornou bastante popular através da sua comprovada
correlação com a microcefalia. A transmissão do vírus Zika também pode ocorrer por via
de secreções como a saliva, urina ou sêmen. Em gestantes, o vírus Zika cruza a barreira
placentária e interfere no desenvolvimento do embrião, sendo evidenciada a presença
desse vírus no líquido amniótico, assim como no líquido cefalorraquidiano e no tecido
encefálico de neonatos. O objetivo desse trabalho foi fazer um levantamento dos estudos
relacionados aos sistemas orgânicos que sofrem alterações pelo potencial teratogênico do
vírus Zika, a fim de melhor sistematizar o conhecimento sobre a síndrome congênita e
disponibilizar esse conhecimento para os profissionais da saúde e para a comunidade
científica. Para tanto, foi realizada uma revisão narrativa de literatura, desenvolvida entre
os anos de 2020 e 2021, que utilizou como fonte de pesquisa as bases de dados de
periódicos nacionais e internacionais. O vírus Zika é responsável por anomalias do crânio
e escalpo, anomalias do encéfalo, anomalias da medula e nervos espinais, anomalias
articulares e orofaciais, anomalias visuais e auditivas, bem como anomalias viscerais, que
caracterizam a síndrome congênita do vírus Zika em crianças que foram expostas a esse
vírus durante o período fetal. Os principais achados incluem a desproporção craniofacial
com aspecto microcefálico, associada a hipoplasia e calcificações do encéfalo. Hipoplasia
da medula espinal, artrogripose, lesões na retina, hipoplasia do disco óptico,
malformações cardíacas e hipoplasia pulmonar também são achados característicos da
síndrome congênita do vírus Zika e que contribuem para uma diversidade de
incapacidades funcionais. Novos surtos de Zika poderão ainda acontecer e será um grande
diferencial se o conhecimento científico possibilitar meios de impedimento da ação desse
vírus sobre os tecidos fetais em gestantes infectadas, bem como possibilitar avanços no
tratamento das incapacidades funcionais decorrentes da síndrome congênita do vírus
Zika.
Descrição:
SOARES, Lauriston Emmanoel Barros. Anomalias anatômicas em crianças com a síndrome congênita do vírus zika: seis anos de história. 2021. 39f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas) - Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2021.