Resumo:
Este trabalho reflete acerca do conceito de dejeto em associação com ideais através de uma leitura de trechos do romance A Paixão Segundo G.H. de Clarice Lispector, no que propõe uma interlocução entre psicanálise e literatura. Apresenta como objetivos propiciar um diálogo entre psicanálise, arte e literatura e pensar o modo como dejetos e ideais sublimes coexistem em criações artísticas. Não obstante os limites interpretativos de toda e qualquer leitura, a psicanálise encontra na arte uma importante aliada para troca de saberes, uma vez que ambas atentam para a singularidade humana e admitem o dejeto no seio de suas elaborações. Sob esse prisma, a escrita de Clarice Lispector adquire destaque pela forma com que aborda o furo estrutural que torna a linguagem impassível de tudo dizer. A trama de G.H. permite conjecturar o lado dejeto do objeto como o que persiste sem simbolização, isto é, o gozo não sublimado e tornado rejeito pelo processo de criação de ideais. Tendo em conta o caráter por vezes rígido e excludente dos ideais impostos pela civilização, a cultura termina por incitar certo grau de mal-estar em seus indivíduos pela intolerância ao que marginaliza como dejetos. Neste cenário, a arte, porquanto abriga a aproximação entre dejetos e ideais, pode emergir como um possível recurso para a ressignificação do que reside no sujeito como intoleráveis imperfeições.
Descrição:
QUEIROZ, Pâmela Cristina Almeida. A estetização do dejeto em Clarice Lispector: uma leitura psicanalítica de “A Paixão Segundo G.H.”. 2020. 26f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Psicologia) - Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2020.