Resumo:
A decomposição é um processo essencial para o funcionamento dos ecossistemas que integra
fatores bióticos (abundância de decompositores) e fatores abióticos (composição química e
física do detrito e características ambientais). Tendo em vista a mudança climática e o
aumento da intermitência em rios de todo o mundo, e consequentemente da fase de poças, é
fundamental entender quais variáveis físicas e químicas desses sistemas controlam o processo
de decomposição de detritos foliares e também a diferença das taxas de decomposição foliar
entre os rios estudados. Nesse estudo esperávamos que a perda de massa foliar respondesse às
alterações em variáveis físicas e químicas de poças de rios intermitentes no semiárido
brasileiro. O estudo foi desenvolvido nos rios intermitentes Paraíba, Boa Vista, Gurinhém e
Gurinhenzinho. Coletamos folhas senescentes de Aspidosperma pyrifolium Mart. (pereiro)
durante o início do período seco da região. As folhas foram secas naturalmente, pesadas e
incubadas em litter bags instalados em quatro poças dos rios estudados. As variáveis
ambientais analisadas foram os cátions (sódio, amônia, potássio, cálcio e magnésio), ânions
(fluoreto, cloreto, nitrito, brometo, nitrato, fosfato e sulfato), sólidos dissolvidos, oxigênio
dissolvido, clorofila-a, pH e turbidez. Verificamos que apenas o oxigênio dissolvido e o
fluoreto foram significativamente correlacionados com as taxas de decomposição foliar. As
taxas de decomposição foliar não variaram entre os ambientes aquáticos dos rios estudados,
mas a massa remanescente dos detritos foliares foi significativamente diferente. Com isso,
obtemos que a decomposição foi influenciada pelo oxigênio dissolvido e pelo fluoreto.
Menores valores de oxigênio dissolvido, comum à fase de poças, limitam a atividade biótica
no detrito e reduziram o processo de decomposição nos rios Boa vista, Gurinhenzinho e no
Paraíba. Os maiores valores de oxigênio dissolvido no rio Gurinhém ajudam a explicar as
maiores taxas nesse rio. O fluoreto é intensificado por altas temperaturas e pode ter atuado na
decomposição indiretamente retardando o processo, pois tem ação tóxica afetando
microrganismos presentes no sistema. Concluímos que modificações nos ambientes aquáticos
que promovam redução nos teores de oxigênio dissolvido como atividades antrópicas ou a
redução no regime de fluxo comum à rios intermitentes podem influenciar no processo de
decomposição foliar.
Descrição:
PINHEIRO, Rafaella Karolynna Dantas Lemos. Decomposição de detritos foliares em poças remanescentes de rios intermitentes no semiárido brasileiro. 2021. 24f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas) - Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2021.