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O modelo de atenção à saúde da gestante, embora venha apresentando diversos avanços em termos de políticas públicas nos últimos anos, ainda possuem traços fortemente biomédicos, nos quais o protagonismo da mulher, frequentemente, é negado, e onde o pré-natal, na maioria das vezes, é focado nas questões fisiológicas, entre outras fragilidades - concomitante a isso, há ainda inúmeros casos de violência obstétrica. Neste contexto, a educação em saúde, numa perspectiva emancipadora, se coloca como instrumento que pode contribuir para que as gestantes conheçam melhor seus direitos, bem como os processos envolvidos na gravidez, puérperio, amamentação, cuidados com o bebê, enfim, aos aspectos relativos a essa fase da vida. O presente trabalho é um relato de experiência, cujo objetivo é apresentar as ações realizadas com gestantes e puérperas da UBS Wesley Cariri, localizada em Campina Grande/PB, por meio do projeto de extensão “Rede Materna”, durante o período da pandemia. Tal projeto pretende o desenvolvimento de ações em Educação em Saúde às gestantes acompanhadas pela UBS Wesley Cariri, visando também oferecer às mulheres um espaço de acolhimento no período em que prossegue a gravidez e o puérperio, com a troca de experiências e vivências do grupo. Devido à necessidade de distanciamento físico, dado o contexto da Pandemia da COVID-19, as atividades do projeto foram todas realizadas de maneira virtual. A fase remota do projeto, aqui abordada, foi de julho de 2020 a dezembro de 2021, atendendo mulheres em fases diferentes da gestação e no pós-parto. Embora enfrentando várias dificuldades em sua execução, dadas as características do público alvo no constante ao acesso às tecnologias e as mídias digitais, o projeto em questão buscou levar informações confiáveis e cientificamente comprovadas para as mulheres inscritas, através de atividades coletivas de educação em saúde Deste modo, foram realizadas algumas Lives sobre temáticas relacionadas às questões materno-infantis, inicialmente no Instagram e depois através do Google Meet e da sala de reuniões do Messenger, no formato de “rodas de conversa” e de um “curso virtual”; compartilhamento e discussão de informações no grupo do Whatsapp; acompanhamento individual de cada uma das inscritas, através de conversas privadas neste último aplicativo. Os desafios relativos a esse tipo de trabalho foram diversos. Portanto, para lidar com tais questões foram necessárias inúmeras reuniões da equipe extensionista, a fim de haver uma constante avaliação e redefinição das estratégias adotadas. Houve necessidade de ampliação da equipe numa perspectiva interdisciplinar e o início da construção de um trabalho interprofissional. Assim avalia-se que, embora realizado de maneira remota e apresentando todas as vulnerabilidades de acesso às redes sociais, os resultados foram positivos, tanto para o público atendido no projeto, quanto para a equipe executora das ações educativas. O projeto contribuiu para que as mulheres envolvidas tivessem acesso a informações seguras - que puderam contribuir para lhes proporcionar escolhas conscientes sobre o parto normal e à amamentação exclusiva nos seis primeiros meses, saúde mental, dentre outras temáticas de interesse das participantes do projeto. O acompanhamento individual, segundo as usuárias, teve um significativo papel nessa fase de suas vidas. Além disso, o projeto colaborou para a construção de saberes, troca de experiências, autonomia e protagonismo das gestantes. No entanto, considera-se que a realização das atividades do projeto de maneira remota não substitui o trabalho presencial, pois, no trabalho educativo, há a necessidade intrínseca desse contato corpo a corpo. |
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