Uberização do trabalho em tempos de pandemia: a precarização das relações laborais sob a perspectiva do capitalismo contemporâneo

Abstract

A uberização do trabalho é um fenômeno que ganhou notoriedade no Brasil a partir de 2014, quando as primeiras empresas do país passaram a utilizar aplicativos e outras tecnologias digitais para explorar o mercado. Em virtude de suas características próprias, esse fenômeno logo se tornou o principal alvo das discussões relacionadas à precarização das relações laborais na contemporaneidade. Com o advento da pandemia do novo coronavírus, a uberização teve uma verdadeira ascensão no Brasil, muito em razão da adoção massiva dos serviços de entrega à domicílio e do aumento do desemprego durante a crise, que acabou esgarçando ainda mais os reflexos negativos desta modalidade de trabalho. Diante deste contexto, este artigo teve como objetivo analisar os principais impactos da intensificação desse fenômeno durante a pandemia. Para atingir este desígnio, foi realizada uma revisão sistemática da literatura com a intenção de buscar perspectivas e opiniões de autores nacionais e internacionais sobre a temática abordada. Também foram realizadas analises de dados secundários correspondentes ao assunto estudado, previamente coletados por outros pesquisadores em processos investigativos distintos. O desenvolvimento deste artigo evidenciou que a pandemia atuou como uma lupa dos aspectos negativos da uberização, que ampliou as mazelas e a insustentabilidade do modelo de trabalho uberizado. Além disso, também demonstrou que o crescimento desenfreado desse fenômeno no país encontra-se atrelado à inexistência ou insuficiência de medidas de enfrentamento e regulamentação por parte do Estado brasileiro.