Resumo:
O Nordeste brasileiro representa a terceira região com maior diversidade de briófitas do
Brasil, apresentando 744 espécies. Algumas briófitas são plantas altamente tolerantes à
perturbações no ambiente, enquanto que algumas espécies desaparecem quando há
desequilíbrio ambiental. As pesquisas com briófitas no bioma caatinga vem recebendo mais
atenção dos pesquisadores na atualidade. Esse é um bioma constantemente degradado, o que
implica na perda da biodiversidade, antes mesmo de ser conhecida. O presente trabalho
objetivou realizar um levantamento florístico das briófitas ocorrentes na Serra de Bodopitá -
Paraíba, levando em consideração o seu potencial bioindicador para conservação dessa região.
A coleta do material foi feita utilizando o método de esforço de amostragem resultando em
sete horas de varredura, e as amostras foram identificadas em laboratório com a utilização de
literaturas especializadas. Foram analisadas 189 amostras, identificando-se 35 espécies de
briófitas distribuídas em 22 gêneros e 16 famílias. Dentre as espécies registradas,
obtiveram-se 17 novos registros para a Paraíba, e dentre estes, dois novos registros para o
Nordeste do Brasil. A família Lejeuneaceae Cavers (6 spp.) foi a de maior riqueza específica
seguida por Bryaceae Schwägr (5 spp.) e Frullaniaceae Lorch (4 spp.). Os representantes de
Lejeuneaceae Cavers são típicos de ambientes úmidos, e sua presença na Serra de Bodopitá
foi um achado importante, tendo em vista que quatro das seis espécies encontradas foram
novas ocorrências para o Estado. Entre os musgos Bryum argenteum Hedw. e Entodontopsis
leucostega (Brid.) W.R.Buck & Ireland. tiveram maior frequência relativa (43%), enquanto
que Frullania platycalyx Herzog. destacou-se entre as hepáticas (34%). A maioria dos musgos
analisados são acrocárpicos (15 spp.), tipo de crescimento predominante em ambientes com
escassez hídrica. As espécies generalistas predominaram nos resultados deste estudo,
destacando-se a presença de algumas espécies especialistas de sombra. A forma de vida trama
e tufo foram as de maior ocorrência, a primeira com 16 spp. das 35 identificadas e o tufo em
12 spp, isso está atrelado a estratégia de sobrevivência das espécies para áreas de
afloramentos rochosos na caatinga. A composição da brioflora indica que, apesar da Serra de
Bodopitá sofrer com a antropização, a região ainda propicia a presença dos microambientes
favoráveis a instalação e desenvolvimento de briófitas, permitindo encontrar espécies
umbrófilas, elementos típicos de áreas mais preservadas, considerando os fatores ambientais
como a altitude que quanto mais elevadas maior a incidência de espécies especialistas de
sombra. Contudo, a composição brioflorística indica que a Serra de Bodopitá tem potencial de
riqueza e deve ser preservada para que haja a conservação das espécies de briófitas que ali
ocorrem, visando não defasar a descoberta de novas espécies para o Nordeste brasileiro e para
o estado da Paraíba, que ao serem catalogados, contribuem para o conhecimento da
biodiversidade e distribuição da flora nacional.
Descrição:
SOUZA, Mairla Maria Alves de. Brioflora da Serra de Bodopitá (Paraíba). 2023. 49 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas) - Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2023.