dc.description.abstract |
Durante o período da Idade Média, com a influência da moral cristã, a loucura foi
fortemente associada ao sobrenatural, diante de interpretações eclesiásticas errôneas
que perpetuavam o ideário social da época. Não existia a concepção de cuidado
terapêutico com a saúde mental como temos hoje, visto que o sofrimento psíquico era
tido como reflexo de possessões demoníacas e do castigo divino. Nesse contexto, a
pessoa em sofrimento psíquico estava sujeita ao exílio social e ao estigma da loucura,
como forma de salvaguardar a integridade das pessoas tidas como normais. Com
base nisso, o presente trabalho tem como objetivo geral analisar a trajetória histórica
percorrida pela Reforma Psiquiátrica no Brasil até a consolidação da Lei n.º
10.216/2001, percorrendo os principais acontecimentos que influenciaram o ideário
da Luta Antimanicomial. O problema de pesquisa centra-se em analisar a efetividade
da Lei n.º 10.216/2001 na consolidação dos direitos e garantias das pessoas
portadoras de transtornos mentais. Ao analisar o percurso da luta reformista, tomando
como ponto de partida a obra Holocausto Brasileiro, da escritora Daniela Arbex, será
discutido como os portadores de transtornos mentais tinham seus direitos
fundamentais violados diariamente dentro dos muros do maior manicômio brasileiro,
símbolo da violência institucional da época. Ademais, serão apontados outros eventos
históricos e sociais que impulsionaram a Luta Antimanicomial, resultando na Reforma
Psiquiátrica, diante do clamor social por uma legislação específica que regulasse os
direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e, acima de tudo, regulasse o
progressivo fim da estrutura asilar-manicomial, que, durante anos, foi marcada pela
supressão do Princípio da Dignidade Humana. Para alcançar o objetivo, o presente
estudo adota o método da pesquisa bibliográfica e a análise documental, explorando
conceitos e referências de diferentes concepções sobre a problemática. Em síntese,
é perceptível que a Lei n.º 10.216/2001, juntamente com os programas de atenção
psicossocial, reflexo de uma árdua luta reformista, ao reconhecer os direitos e
garantias da pessoa portadora de transtornos mentais, é uma vitória dos Direitos
Humanos e uma forma de reparação histórica diante das barbáries que foram
cometidas. |
pt_BR |