O fantástico na literatura juvenil: um estudo sobre contos presentes no livro Vampiros e outros sustos, de Maria Valéria Rezende

Abstract

O presente trabalho objetiva analisar o “realismo fantástico” (Roas, 2014) como aspecto do livro Vampiros e outros sustos (2014), de Maria Valéria Rezende. Tendo em vista que o livro é classificado, pela própria editora, como uma obra juvenil, percebemos a necessidade de realizarmos também uma breve discussão acerca da trajetória histórica, bem como das especificidades linguísticas e temáticas da literatura brasileira direcionada aos jovens. A relevância da abordagem deste segundo aspecto se deve, também, ao fato de os estudos acerca da formação do leitor literário no Brasil ainda permanecerem, na sua grande maioria, centrados na literatura para a criança, negligenciando os vieses e as características das narrativas para os leitores a partir da adolescência. Para tanto, foi realizada inicialmente uma pesquisa bibliográfica acerca da produção literária denominada, de maneira genérica, como juvenil, com a finalidade de fazer um levantamento das perspectivas contempladas pela crítica literária sobre esta produção, bem como as lacunas e contradições quando se pensa em livros literários para os leitores dos 12 aos 17 anos, qualificados ora como adolescentes, ora como jovens. Após esta primeira etapa, procedemos à leitura e análise da obra “Vampiros e outros sustos”, centrando-se em dois contos da coletânea, “Pontualidade” e “Vem ser feliz!”, explorando a presença do fantástico não como oposição à realidade, mas como possibilidade de ampliação crítica da(s) realidade(s) cotidianas e, inclusive, presentes no inconsciente. A metodologia utilizada no trabalho consiste na pesquisa qualitativa-descritiva, além da leitura analítica dos contos, utilizando como referencial teórico Gregorin Filho (2011), Michelle Petit (2009), Todorov (1970), David Roas (2014), entre outros. Ao término do estudo, foi possível perceber as nuances presentes na Literatura Juvenil, entendendo como é necessário seu espaço e como seus estudos são escassos, além de compreender que a autora faz críticas à realidade política, social e cultural brasileira utilizando-se tanto dos elementos fantásticos quanto literários, articulando fantasia e realidade.