Uma avaliação da influência de metais essenciais e não essenciais na progressão das doenças de Alzheimer e de Parkinson

Abstract

Embora as doenças de Alzheimer e Parkinson ainda sejam consideradas idiopáticas, a compreensão dos mecanismos subjacentes a essas condições neurodegenerativas e suas possíveis causas continua a ser objeto de várias pesquisas. Entre as várias linhas de investigação, alguns focam na influência dos metais essenciais e não essenciais na progressão dessas doenças. Neste sentido, este trabalho tem como objetivo realizar uma revisão da literatura existente sobre o tema e fornecer uma síntese atualizada das evidências sobre a atuação dos metais na progressão das Doenças de Alzheimer e de Parkinson. Para tanto, realizou-se uma revisão integrativa da literatura, utilizando o método de procedimento analítico descritivo, com os termos indexadores e os operadores booleanos utilizados na língua inglesa para a busca avançada nas bases de dados ScienceDirect Journals (Elsevier), PubMed, Scielo e PeriódicosCapes limitando a pesquisa para artigos publicados entre os anos de 2019 e 2023, disponíveis eletronicamente de forma gratuita, abordando metais essenciais e não essenciais na doença de Alzheimer (DA) e doença de Parkinson (DP). Dos 138 artigos encontrados, 10 foram incluídos na pesquisa. Destes, cinco focaram na doença de Alzheimer (DA), três na doença de Parkinson (DP), e dois em ambos. Alguns estudos discutiram evidências de que íons metálicos como o Cu+ e Fe2+ podem promover a agregação da proteína beta-amiloide (Aβ) por meio da química de Fenton, gerando Espécies Reativas de Oxigênio (EROs) e consequente neurotoxicidade na DA. Por outro lado, indícios sugerem que o aumento excessivo de zinco (Zn) causa interferência na absorção de cobre (Cu) e ferro (Fe) no organismo, gera EROs nas mitocôndrias e desencadeia processos apoptóticos como aqueles envolvidos na DA. Ainda no contexto da doença de Alzheimer, observações indicam que metais pesados como mercúrio (Hg) e chumbo (Pb) penetram facilmente na barreira hematoencefálica (BHE) e adentram nos neurônios, causando perda neuronal. Além disso, esses metais estão associados à estimulação da produção de beta-amilóide (Aβ) e ao aumento significativo da fosforilação da proteína tau, resultando na formação de emaranhados neurofibrilares. Na doença de Parkinson, alguns autores relacionaram a presença de Hg e Fe com a patologia ao observar a presença desses metais nos tratos da substância branca, especialmente no hipocampo de pacientes com DP, e um nível elevado de ferro na substância negra de macacos acometidos por essa patologia. Outrossim, análises químicas quânticas revelaram que o Fe na sua forma divalente (Fe2+) e trivalente (Fe3+), bem como os íons Cu2+, Zn2+ e Pb2+ formam complexos com a dopamina-o-quinona e aumentam significativamente a taxa de ciclização da dopamina, uma etapa importante da reação de auto-oxidação da dopamina, resultando em estresse oxidativo e dano neuronal, em solução aquosa, o que poderia levar a neurodegeneração e à perda de células dopaminérgicas, as quais são responsáveis por produzir a dopamina, neurotransmissor essencialmente envolvido na fisiopatologia da DP. Desta forma, conclui-se que a exposição a metais pesados e o desequilíbrio na homeostase de metais essenciais estão intrinsecamente ligados à progressão de doenças neurodegenerativas, especialmente a DA e a DP.