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Durante os mais de três séculos de escravidão no Brasil, muitas mulheres africanas e afro-descendentes viram sua vida e seus direitos serem negados e/ou moldados segundo a condição de escravizadas que a elas foi imposta. É nesse sentido e contexto que buscamos estruturar um trabalho sobre as escravizadas cuja abordagem as enfatiza enquanto mulheres, enquanto mães e enquanto lenda, uma vez que ampliamos os nossos olhares à investigação das lendas existentes sobre essas mulheres. A pesquisa bibliográfica foi a metodologia que optamos por utilizar, e a partir dela buscamos construir e apresentar uma análise interpretativa dos discursos historiográficos, poucos e resumidos diga-se de passagem, acerca das escravizadas enquanto mulheres e mães, e sobre os relatos lendários que tratam das mesmas. Na elaboração deste trabalho nortearam nossa pesquisa nomes como: Sidney Chalhoub, Gilberto Freyre, Jaime Pinsky, Maria Firmina dos Reis, Solange Pereira Rocha, Julita Scarano, Robert Slenes, Mônica Dias de Souza e Ronaldo Vainfas, entre outros, que juntamente com eles foram o sustentáculo para a realização da presente análise. As lendas encontradas se mostraram como símbolos de resistência manifestados pelo imaginário popular em resposta à dupla exclusão sofrida: por serem mulheres e por estarem escravizadas; as fontes sobre o lado mulher e mãe das escravizadas nos mostraram que a revelia das limitações, sujeições e sofrimentos vividos, essas mulheres não se acomodaram e nem silenciaram diante da escravidão, e que buscaram vivenciar o seu ser mulher e o ser mãe, além de nos proporcionar uma reflexão sobre as particularidades desse ser mulher e mãe no contexto da escravidão. Assim, marcou-nos a certeza de que falar de escravidão é pisar em um solo complexo e delicado, aspectos esses que foram intensificados ainda mais pela natureza das abordagens por nós realizadas. |
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