dc.description.abstract |
O nosso trabalho tem como objetivo refletir sobre o discurso do escritor Monteiro Lobato em duas de suas obras “A Barca de Gleyre” e “Caçadas de Pedrinho”. A primeira foi utilizada com o objetivo de compreender o pensamento do autor contido nas entrelinhas da segunda, esta, por sua vez, foi escolhida por ter sido apontada e questionada pela crítica como uma obra composta por um discurso racista. Nesse caso, para se pensar a representação do negro na literatura, nada mais justo do que utilizá-la visando propor sobre a mesma uma nova reflexão. Das cartas trocadas entre Monteiro Lobato e Godofredo Rangel, publicadas no livro “A Barca de Gleyre”, selecionamos e utilizamos algumas correspondências através das quais são percebidas, formas de pensar e os ideais que o autor possuía. No primeiro capítulo, entitulado de “Monteiro Lobato: contexto político social e ideológico” é apresentado o lugar social ocupado pelo autor como homem público e as influências recebidas na época de suas produções; no segundo capítulo “A Barca de Gleyre e Caçadas de Pedrinho: o protagonismo de Tia Nastácia” é feita uma reflexão sobre cada obra destacando as representações encontradas. Nosso trabalho tem como metodologia uma pesquisa bibliográfica, onde foram analisados alguns contos que fazem parte da obra infantil do autor. Dentro das reflexões teóricas, utilizamos os estudos de Michel de Certeau para trabalhar o local social do autor e mostrar como é forte a influência do contexto social na escrita deste. Para refletir sobre a importância do leitor e a representação do negro na escrita lobatiana, utilizamos as reflexões de Roger Chartier. Para compreender melhor a discussão sobre a construção da identidade, utilizamos Munanga e Roger Bastide, este último nos ajudou inclusive na reflexão sobre a interface da História com a Literatura. Embora o autor tendo feito parte do contexto social imposto pela sociedade da época, impregnada de doutrinas racistas, como o determinismo evolucionista e o darwinismo social defendeu algumas teorias raciais, imaginando que dessa forma solucionaria a falta de progresso brasileiro, portanto, não podemos julgar o comportamento de um autor apenas por suas produções. |
pt_BR |