Resumo:
A loucura freqüentemente tem sido associada ao anormal, contudo, a forma
como esta é percebida sofreu modificações através dos tempos. Com a
Reforma Psiquiátrica a família, antes excluída do cuidado de seu familiar,
torna-se ativa nesse processo. Atualmente, preconiza-se a diminuição da oferta
de leitos hospitalares e a criação de serviços substitutivos de atenção à saúde
mental deslocando os tratamentos para o interstício das dinâmicas familiares.
O cuidar de um portador de transtorno mental não se constitui em tarefa fácil,
sendo necessário investigar os impactos gerados nestas famílias após a
desinstitucionalização. Objetivou-se com esse trabalho compreender o
significado do cuidar do portador de sofrimento psíquico para os familiares.Para
isso utilizou-se uma pesquisa explorativa-descritiva com abordagem qualitativa.
A amostra contou com doze familiares de portadores de transtornos mentais
com histórico de internação psiquiátrica que residem no município de Barra de
Santana. Os dados foram coletados por meio de um questionário sóciodemográfico
e um roteiro de entrevista semi-estruturada que foram submetidos
à análise estatística, bem como à análise temática de conteúdo. Constatamos
que os familiares responsáveis pelo cuidado eram predominantemente do sexo
feminino ( 91,7%) com idade entre 60 e 69 anos ( 50%), casados (50%), com o
ensino fundamental incompleto (75%), católicos (83%) e aposentados(58,3%),
sendo (50%) mães e (33,3%) irmãs. Quatro categorias temáticas foram
caracterizadas como dificuldades no lidar com os pacientes outrora
institucionalizados: (i)Angústia pela Impossibilidade da Cura; (ii) A triste sorte
de cuidar sozinho; (iii)Onde come um Não come dois; (iv) A não aceitação da
doença. Há ainda uma última categoria em que foram comportados os
discursos favoráveis a desinstitucionalização (v) Felicidade pelo regresso.
Evidencia-se a necessidade de estudos mais aprofundados acerca deste tema,
bem como discussão, desenvolvimento e implementação de políticas de
cuidado destinada aos cuidadores.
Descrição:
OLIVEIRA, L. V. e. Desinstitucionalização do portador de transtorno mental: impactos sobre a saúde familiar. 2011. 44f. Monografia (Especialização em Saúde Mental e Atenção Psicossocial). Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2011.