Resumo:
Os acidentes escorpiônicos caracterizam-se como um problema de importância médicosanitária,
seja pela incidência elevada ou pelo agravamento de muitos desses casos. Nesse
contexto, objetivou-se caracterizar o perfil epidemiológico dos acidentes escorpiônicos no
município de Campina Grande/PB entre os anos de 2010 e 2012, fazendo-se uso de técnicas
de geoprocessamento para realizar a distribuição espacial desses acidentes, correlacionandoos
com
as
condições socioeconômicas das unidades distritais. Trata-se de um estudo do tipo
ecológico e exploratório, onde foram usados dados de notificação de acidentes escorpiônicos
do Centro de Assistência Toxicológica de Campina Grande (Ceatox-CG). Para a
geocodificação utilizou-se o Google Fusion Tables. Empregou-se o Google Earth para
marcação manual dos casos. O Trackmaker realizou a conversão dos dados do formato Kml
para Shp. Para a análise estatística espacial foi usado o software ArcGIS 10 da Esri e o
programa estatístico R versão 2.15.1. As análises estatísticas referentes às demais variáveis
foram feitas pelo teste do Qui-quadrado de Pearson. Foram notificados e atendidos pelo
Ceatox-CG, 1.466 casos de acidentes escorpiônicos. A maior incidência ocorreu em
indivíduos do sexo feminino (61,9%), na faixa etária compreendida entre 13 a 28 anos
(29,2%), com ensino médio completo (19,4%) e, que clinicamente apresentaram um quadro
leve (95,6%), tendo como dor (95,0%) a principal manifestação local. Observou-se a
associação entre as variáveis sexo e faixa-etária (p-valor = 0,00 < 0,05) e entre as variáveis
sexo e escolaridade (p-valor = 0,037 < 0,05). 57,5% dos indivíduos acidentados procuraram
atendimento na primeira hora após o acidente. Houve correlação entre as variáveis: tempo
decorrido entre o acidente e o atendimento e o surgimento das manifestações sistêmicas (pvalor
= 0,006). Não foram registrados óbitos. Os bairros de maior abrangência desses
acidentes referem-se aos bairros Catolé e Malvinas, onde ambos apresentaram o mesmo
número de ocorrência de casos (n=124; 5,7% do total de casos). Verificou-se que, no período
estudado, o distrito sanitário I foi o que apresentou maior incidência de casos de picada de
escorpião (51,4 casos por 10.000 habitantes), seguido pelos distritos II e IV (ambos com 48,4
casos por 10.000 habitantes). Não foi observada correlação entre as condições
socioeconômicas e a ocorrência desses acidentes. O uso de mapas e do Sistema de
informações Geográficas (SIG) na epidemiologia constituem instrumentos importantes para
ações de vigilância e saúde pública, possibilitando um melhor planejamento no que se refere
às políticas públicas de saúde, visando à prevenção do número de acidentes.
Descrição:
FARIAS, A. M. G. Análise espacial na estratificação de áreas notificadas por casos de escorpionismo: um estudo dependente das condições sócioeconômicas. 2014. 33f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Farmácia)- Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2014.