Resumo:
O soro é a fração solúvel do leite rica em proteínas, minerais e lactose, que é separada da
caseína durante a produção de queijo. Apesar do alto valor nutricional agregado, este
subproduto da fabricação de queijos é amplamente descartado no meio ambiente, embora
possa ser aproveitado pelas indústrias de alimentos e pela área da biotecnologia. Diversas
pesquisas recentes apontam o soro lácteo caprino como potencial alimento funcional,
principalmente por sua constituição proteica e pelos produtos da degradação enzimática de
suas proteínas. A tecnologia de secagem em spray dryer é considerada uma alternativa para o
prolongamento da vida útil do soro lácteo, viabilizando sua aplicação na produção de novos
produtos. Tendo ênfase no aumento do período de conservação do soro lácteo caprino e no
aproveitamento desse subproduto para a obtenção de alimentos funcionais, o presente estudo
envolveu a caracterização do soro de queijo coalho caprino antes e após a secagem por
atomização em spray dryer, a fermentação do soro reconstituído utilizando a cultura starter
de Streptococcus thermophilus em co-cultura com micro-organismos probióticos do gênero
Lactobacillus e a avaliação do efeito da secagem e da fermentação sobre as proteínas do soro.
Para este fim, duas formulações de soro em pó reconstituído fermentado foram produzidas em
quatro diferentes lotes (replicatas independentes): F1 (Lactobacillus casei BGP93 +
Streptococcus thermophilus TA40) e F2 (Lactobacillus paracasei BGP1 + Streptococcus
thermophilus TA40). Para avaliação da fermentação, os parâmetros de pH, acidez titulável e a
viabilidade dos micro-organismos probióticos e starter foram analisados nas duas
formulações de soro caprino. O efeito da secagem e dos micro-organismos probióticos sobre
as proteínas do soro foi analisado pelo método espectrofotométrico o-ftaldialdeído (OPA) e
por cromatografia líquida ultrarrápida em fase reversa (RP-UFLC). Não houve diferenças
significativas entre as formulações com relação aos valores de pH em todos os períodos de
amostragem avaliados (p > 0,05). No entanto, os valores de acidez em F1 foram
significativamente mais elevados (p < 0,05) que F2. A viabilidade dos micro-organismos
potencialmente probióticos, do gênero Lactobacillus, no produto manteve-se dentro dos
padrões exigidos pela legislação brasileira para alimentos probióticos (acima de 8 - 9 log UFC
na porção de 200 mL) ao longo de 7 dias de armazenamento sob refrigeração à 4
C. A maior
população de Lactobacillus, utilizados como co-cultura, durante a fermentação e ao longo do
armazenamento foi obtida para a formulação F2, contendo L. paracasei BGP1, que diferiu
significativamente de F1 (p < 0,05). Utilizando o método OPA, constatou-se atividade
proteolítica sobre as proteínas do soro, devido ao aumento de grupos NH
livres no produto
após a fermentação e armazenamento. O maior grau de proteólise foi observado na
formulação F1, porém sem diferença significativa de F2 (p > 0,05). A análise do soro caprino
por RP-UFLC indicou impacto do tratamento térmico sobre as proteínas do soro; entretanto,
para melhor avaliação do efeito das bactérias probióticas sobre esse constituinte sugere-se
testar modificações nos parâmetros cromatográficos.
Descrição:
SANTOS, W. M. dos. Caracterização de soro de queijo de cabra seco em spray dryer e avaliação da degradação proteica na presença de bactérias probióticas comerciais. 2014. 44f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Farmácia)- Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2014.