Ele iria bater-lhe novamente? Um estudo sobre submissão, identidade, solidão e silêncio, em Ponciá Vicêncio

Abstract

O romance “Ponciá Vicêncio”, de Conceição Evaristo, aborda um cenário contemporâneo marcado pela historicidade, de teor opressivo, de pessoas negras e por suas memórias. A autora desenvolve a narrativa a partir da personagem Ponciá e da sua relação com seus familiares e com aqueles que esta viria a conhecer posteriormente. A história é regida pela busca (e crises) de identidade; pelo encontro de uma subjetividade marcada, também, pela memória da opressão, além de buscar uma ruptura com o estigma da subalternidade, em suas várias frentes. Dessa maneira, este trabalho, de cunho bibliográfico, detém-se em abordar a alteridade, “ex-centricidade” – uma vez que o sujeito está à margem da sociedade – da personagem principal, Ponciá e da personagem Bilisa. Ponciá é a voz silenciada da mulher negra, que sofre com a realidade opressora. Padece com sucessivas agressões do seu “homem”, além de ficar, cada vez mais, alheia de si, distante dela mesma e do mundo. Bilisa é a representação da mulher negra, pobre e prostituída, vista de maneira estereotipada. Diferentemente de Ponciá, Bilisa tem um fim trágico, consequência de uma realidade violenta. A partir disso, é problematizada a questão da submissão e formas de resistência feminina, frente à opressão sexista, classista e racista