Dos artifícios de Dédalo aos jogos de Ícaro: escritas autoficcionais em Fun Home, de Alison Bechdel

Abstract

Trata-se de um trabalho em que se pretende investigar os conceitos da escrita de si e debater sobre os limites do gênero autobiografia enquanto modelo para classificar o romance gráfico Fun Home, de Alison Bechdel. Parte-se da perspectiva que considera a tessitura narrativa enquanto autoficcional, pois à medida que a autora-personagem fala sobre si também empreende a investigação do outro, a saber, seu pai, Bruce Bechdel, em uma narrativa cíclica tecida por uma relação parental permeada por ausências e pelo luto. Nesta direção, busca-se analisar, também, como a autora-personagem constrói sua identidade e sua performance de gênero a partir da diferença do que ela vê no pai, um homossexual não assumido, no sentido de que a experiência estética que a cerca acaba por formar uma consciência de si contrastante à daquele. Pela análise- interpretação, constatou-se que a autora-personagem usa do artifício da autoficção para ficcionalizar e reelaborar sua história, o que nos deixa evidente sua pretensão em nos entregar uma obra ficcional, porém, crível em vista dos acontecimentos ali narrados.