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Sabe-se que na sociedade contemporânea existe uma diversidade de linguagens
(intrinsecamente ligadas [ou não] aos avanços tecnológicos) que exigem dos sujeitos
habilidades que vão além da mera decodificação verbal, o que resulta na necessidade de
conhecimento e aprofundamento acerca dos (multi)letramentos, conceito que envolve a
multiplicidade de linguagens e de culturas. Voltando-nos ao contexto escolar, ressalta-se a
presença das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação (NTIC), tendo em vista o
trabalho com textos multissemióticos, ou seja, que exploram um conjunto de
signos/linguagens. Diante disso, esta pesquisa tem como objetivo analisar a presença dos
(multi)letramentos e o uso das novas tecnologias no ensino-aprendizagem de língua
portuguesa, considerando a fala do professor. Entende-se que, diferentemente dos educandos
(que em sua maioria já fazem parte do universo tecnológico/digital), muitos professores ainda
precisam se adequar a essa realidade. Neste sentido, adotamos o modelo de multiletramentos
defendido por Rojo (2012) que, baseado no Grupo de Nova Londres (GNL), propõe uma
Pedagogia dos Multiletramentos, afirmando que a escola deve atentar para a multiplicidade
de culturas e a presença das novas tecnologias e, com isso, repensar seu currículo.
Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa exploratória e bibliográfica, configurando-se
ainda como um estudo de caso de caráter etnográfico (BORTONI-RICARDO, 2008). A
presente pesquisa envolve professores de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental de uma
escola pública municipal localizada no município de São Sebastião de Lagoa de Roça –
Paraíba. Para a coleta dos dados utilizamos a aplicação de questionários. Desse modo, o
corpus da pesquisa constitui-se das respostas dos questionários dos professores, destacando as
percepções dos sujeitos envolvidos no tocante aos (multi)letramentos e às novas tecnologias
em consonância com o ensino de língua portuguesa. Para tanto, a análise respaldou-se nos
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN, 2001), nas Orientações Curriculares para o Ensino
Médio (OCEM, 2006); bem como em pesquisadores como Braga & Ricarte (2005), Lévy
(1999) Rojo (2012), Soares (2002), Saito (2011), Bevilaqua (2013), dentre outros. Com base
nos resultados, foi verificado que não há aplicabilidade nem interação entre o uso das
tecnologias e os multiletramentos na sala de aula, de modo que a familiaridade dos jovens
educandos com todo o aparato tecnológico fora do ambiente escolar não é aproveitado na
escola para fins pedagógicos, deixando de lado possíveis interações que beneficiariam sua
formação intelectual através da leitura e compreensão do mundo por meio dos
multiletramentos. Tal constatação sinaliza que é preciso repensar a formação do professor,
bem como o modo de ensino, uma vez que a sociedade exige dos sujeitos domínios e
habilidades para que possam/saibam lidar com as inovações e complexidades do contexto
social. |
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