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A partir de uma perspectiva da formação épica do discurso literário, com base na investigação do romance Iracema, especialmente o episódio da guardiã do sagrado, o presente artigo tem como objetivo analisar e discutir como José de Alencar construiu, em seu projeto estético- literário do romantismo indianista brasileiro, um patamar mítico e histórico fundamental para a construção da heroica indígena Iracema. Em Iracema, recai um trabalho de representação do nacional e de um mito fundador da nação, simbolização esta que se configura no nascimento de Macir (filho da índia com o colonizador Martim). Nas tessituras do romance em análise, o que demarca Iracema como a guardiã do sagrado é o fato de ela ser a virgem da tribo Tabajara, que guarda o segredo da Jurema e o mistério do sonho, elementos simbólicos estruturantes da cultura de seu povo, através das reverências ao Deus Tupã. Defendo, com efeito, a hipótese de que essas manifestações sagradas identificadas sob a perspectiva da herocização da indígena configuram a recriação das origens de um povo e confirmam que a construção do ideário nacionalista de Alencar se baseia numa acepção evolucionista (presente, passado e futuro) da identidade nacional, caracterizando a epicidade, que modaliza a fundação de um monumento literário do Romantismo Brasileiro. O artigo tem como embasamentos teóricos a teoria épica do discurso, de Vasconcelos & Ramalho (2007); Bosi (2006); Candido (2007) e Hansen (2006). Todas essas teorias permitem uma melhor compreensão teórica da formação épica do discurso literário. |
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