Satu e o Bodegueiro: personagens que atravessam as narrativas de Santa Rita - contos que se interpretam

Abstract

A obra Santa Rita, de José Condé (1977), cuja primeira edição foi publicada em 1961, é a junção de duas anteriores: Histórias da cidade morta e Os dias antigos, editados, respectivamente, em 1951 e 1955. Em ambos, aparece, como pano de fundo das narrativas, a depressão gerada pela decadência de uma cidade imaginária, Santa Rita, nos anos que se sucederam à Lei Áurea – uma legislação demagoga e populista, que ajudou os grandes latifundiários a substituir os negros facilmente por máquinas e imigrantes, sem qualquer indenização, mas também levou à falência inúmeros pequenos proprietários e jogou na sarjeta social um batalhão de negros, sem muita condição de sobrevivência. Os contos que compõem as duas obras, em que se entrelaçam personagens, acontecimentos e misérias, têm como cenário único a mesma região, e como tônica o mesmo sentimento de abandono, de desesperança, de coisa que definha miseravelmente até se acabar. Este trabalho intitulado “Satu e o bodegueiro: personagens que atravessam contos de Santa Rita – Contos que se interpenetram”, e que faz parte do Projeto “Desvendando Santa Rita: leitura sociocrítica dos contos inclusos em Histórias da cidade morta e Os dias antigos, de José Condé”, pretende, num primeiro momento, analisar a interessante técnica literária do autor em utilizar vários personagens, como também cenários e situações, reiteradas vezes, em diversos contos, e até mesmo em livros diferentes – na presente análise, focaremos a atenção nos personagens Satu e o bodegueiro; num segundo momento, trataremos da interpenetração dos contos “O apelo” e “Solidão”. As discussões hermenêuticas em torno dos textos terão a chancela teórica da Sociologia da Literatura, com o apoio de autores como Candido (2007; 2008), Todorov (2009), e da Teoria da Literatura, através de autores como D’Onofrio (1995), Leite (2001), Barthes (1973), entre outros.