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A desigualdade entre os gêneros é, ainda, uma realidade atestada nas mais diferentes
esferas sociais, sendo reforçada e legitimada pela ideologia machista/patriarcal que, em sua
relação com a língua, atua na constituição de sujeitos e de sentidos. É nesse ponto de
articulação entre língua e ideologia que emergem os discursos, entre eles, o machista,
instaurando significações ideológicas nas maneiras de ser e estar na sociedade. Tal
discurso atravessa o processo de subjetivação dos sujeitos interferindo diretamente nas
relações entre os gêneros. Essa interferência se dá pela desigualdade ocasionada pelas
relações de poder e pode ser observada em diferentes práticas discursivas como as
cantadas de rua que, para além do flerte ou da “brincadeira”, instituem formas de coerção
e dominação pelas quais mulheres são submetidas frequentemente. Partindo dessa
problemática, buscamos analisar o discurso estruturante das cantadas de rua, observando o
funcionamento da Ideologia machista/patriarcal e a atuação da Memória Discursiva na
perpetuação de preconceitos, estereótipos e, sobretudo, da dominação masculina, ainda em
curso na História. Para tanto, coletamos depoimentos de mulheres que já foram vítimas das
chamadas cantadas de rua de modo a proceder à Análise do Discurso, descrevendo e
interpretando as formas do dizer do sujeito assediador. Assim, contamos com as
contribuições teóricas de Pêcheux (1997; 2007; 2010; 2014), Orlandi (2012; 2013),
Brandão (2003; 2004), Bourdieu (2002), Saffioti (2004) e Haroche (2013). Os resultados
desvelam, nas cantadas de rua, o funcionamento do discurso machista numa produção de
sentidos diretamente ligada à autoafirmação masculina na manutenção da desigualdade de
gênero por meio da violência e dominação. |
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