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Este artigo tem como premissa ser o trabalho com a linguagem da personagem machadiana Capitu ser antecipador das novas relações de produção no capitalismo contemporâneo, chamado por muitos de seus analistas de capitalismo cognitivo, no qual o saber técnico não mais se dissocia da produção de afetos, discursos e fluxos informacionais, trabalho material de trabalho imaterial. Capitu engendra a construção linguageira mediante a prática do trabalho imaterial como modus operandi crítico, desconstrutor, das relações patriarcais no Brasil do século XIX. Capitu torna-se referência para a construção da mulher modificadora da sua condição inferior, submete o discurso patriarcal a uma constante cisão através de sua capacidade de negociar, convencer, influenciar, dissuadir o círculo social brasileiro da época e sua ordem discursiva. Para tanto, inicialmente buscamos observar o enlace entre as mudanças contemporâneas que levam ao chamado capitalismo cognitivo com os papeis sociais reservados às mulheres no século passado, com o fim de mostrar como Capitu se situa no seu tempo a partir de um fora, de um não-lugar. Por fim, como culminância, analisamos vários momentos do romance machadiano em que Capitu engendra seu trabalho imaterial como ruptura de classe e gênero, no Brasil do século e após. |
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