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O presente trabalho propõe analisar a representação da figura feminina nos contos ―Missa do Galo‖ (1894) e ―A Cartomante‖ (1884), ambos do escritor Machado de Assis. Em virtude da condição social da mulher, que ao longo da História vem passando por modificações significativas, a literatura tornou-se um grande suporte por meio do qual tais transformações sociais podem ser verificadas e debatidas em face da análise literária. Machado de Assis apresenta nos
relatos um padrão familiar de base patriarcal burguesa, em que o homem exerce um papel de liderança, de força e poder,
enquanto a mulher situa-se no campo secundário da narrativa, porque na vida real assume o papel de dona de casa. Alguns
atributos naturalizam sua condição social, através da representação da natureza, da relação materna com os filhos e dos
cuidados que lhe são impostos como obrigação para com o marido, conseqüentemente, por causa da submissão de seu papel
na sociedade. A partir dessa relação de forças, busca-se, no presente estudo, identificar como a imagem é considerada nos
dois contos supramencionados mediante a ação conservadora do patriarcalismo do século XIX. A discussão foi
fundamentada em dois eixos, o que define a noção própria do gênero literário ―Conto‖, nos estudos de Júlio Cortázar
(2013/2014), sobre Edgar Allan Poe, e em Gotlib (2006); e as relações de gênero no contexto da sociedade patriarcal, em
Stein (1984), Silva (2016), Salles & Schlindvein (2013), Bergamini (1983), De Matos (2012), Décio (1976), Del Priori
(1994), Chaves (2014), Junqueira (2009) entre outros. A pesquisa demonstra que a sociedade machista está enraizada na
cultura brasileira há muito tempo e que ainda vigora na atualidade, materializando-se nas práticas sociais por meio dos
discursos e, também, presentes na literatura |
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