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Na presente monografia realizamos um estudo da representação da velhice e de aspectos
predominantes na literatura brasileira contemporânea presentes no romance Quarenta dias
(2014), da escritora paraibana Maria Valéria Rezende. A obra retrata os dramas vivenciados
por Alice, uma professora de francês aposentada que reside em João Pessoa e que tem sua
vida reconfigurada a partir da possível gravidez de sua filha. A personagem é obrigada a
deixar para trás tudo o que havia construído no Nordeste para ir morar em Porto Alegre e se
dedicar exclusivamente à condição de avó de um neto que ainda não havia sequer sido gerado.
Definimos como principais objetivos deste trabalho oportunizar uma maior visibilidade à
literatura produzida por mulheres, sobretudo do Nordeste, e discutir o conflito existencial e
social vivenciado por Alice nas trilhas do encontro consigo mesma neste processo de não
reconhecimento da representação forjada para a pessoa “velha”, termo referido pelos
personagens, em detrimento de idoso, sendo necessário ressignificar a própria identidade
decorrente deste fenômeno social. No que diz respeito aos aspectos metodológicos,
recorremos à leitura crítica da obra, atentando para as (re)construções que podem ser
elencadas no romance na contemporaneidade. Para embasarmos as discussões, pesquisarmos
referenciais teóricos acerca: 1) da literatura contemporânea como os estudos de Melo (2010),
Dalcastagnè (2008, 2011), Schollhammer (2009), Arruda (2012); 2) da velhice a partir das
propostas de Bosi (2012, 1997), Debert (1998), Canôas (1983), Beauvoir (1983), dentre
outros; 3) das proposições a respeito de identidades, destacando Bauman (2005, 2001), Hall
(2014) e Woodward (2014); 4) das ponderações referentes aos processos de representação,
recorrendo a Moscovici (2007) e Chartier (1990, 1991). Concluímos com o estudo do
romance que a protagonista traça para si rumos diferentes dos que lhe estavam prescritos
pelos outros personagens, estabelecendo uma reflexão acerca do espaço social da mulher
depois dos 50 anos na sociedade contemporânea. Ao empreender uma busca por um filho de
uma conhecida, é perceptível que há uma construção metafórica e simbólica no que tange à
busca da personagem não meramente pelo desaparecido, mas por si mesma, emergindo na
caoticidade, resultante dos processos de representação da figura feminina depois dos 50 anos. |
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