dc.description.abstract |
A Literatura Brasileira Contemporânea, ao romper com as estruturas de poder, viabiliza a manifestação e a legitimidade social, através de narrativas representativas das multiplicidades, articuladas às experiências e às pluralidades cotidianas. Uma estratégia de leitura, análise e interpretação para tratar da narrativa atual é a “Literatura de Multidão” (JUSTINO, 2014), potência que dá voz às minorias, a partir da evidência das diversidades que constituem a multidão. Diante dos traços característicos dessa literatura, alguns movimentos proporcionam visibilidade ao outro, a exemplo da 1- ‘’oralização’’ (JUSTINO, 2014), que se apresenta na ‘’pós-autonomia’’ (LUDMER, 2007) da literatura de multidão, objetivando apresentar, através da escrita, os discursos da maioria minoritária; e principalmente, da 2- “ex-centricidade” (HUTCHEON, 1991), aspecto que tematiza a diversidade. Tal retórica pluralizante, além de valorizar a diferença, desafia a noção de centro, com seus conceitos de ex-cêntrico e off-centro. Entre algumas obras contemporâneas envolvidas com a multidão e a excentricidade, podemos destacar “Hell’s angels” e “Dama da noite”, contos de Márcia Denser e Caio Fernando Abreu, respectivamente, e o romance Suíte Dama da Noite, de Manoela Sawitzki, narrativas que serão discutidas nesse estudo. As protagonistas ‘’Diana’’, ‘’Dama da Noite’’ e ‘’Júlia Capovilla’’ conduzirão a reflexão sobre a diferença como excentricidade coletiva, por carregarem sentimentos de não pertencimento, e proferirem discursos pluralizantes, dotados de singularidades e subjetividades, que irão se definir umas em relação às outras, permitindo a alteridade e visando à liberdade. As ideias aqui apresentadas são baseadas na pesquisa e estudo bibliográfico de Dalcastagnè (2012), Dias (2005), Resende (2008) e Ludmer (2007), que apresentam visões críticas acerca da literatura brasileira contemporânea, suas perspectivas e abordagens, focando no conceito e intenções da literatura de multidão, apresentadas por Justino, (2012 e 2014) e Negri (2010 e 2015), estabelecendo a relação entre literatura, potenciais revolucionários e status da diferença, através dos termos e ideais cunhados por Cocco (2007), Hutcheon (1991) e Salcedo (2012) sobre o ex-cêntrico e suas subjetividades, objetivando a apresentação das ex-centricidades das personagens citadas, observando os ideais reativos da multidão. O percurso inicia-se com a abordagem da literatura contemporânea e sua multiplicidade, seguindo com sua leitura, a partir da literatura de multidão, traçando os movimentos deste espaço, o que permitirá a análise das mulheres ex-cêntricas em questão. |
pt_BR |