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O objetivo deste trabalho é de estabelecer uma investigação do personagem Jó do romance Sol das almas de Hermilo Borba Filho (1917 – 1976). Na dramática vida do personagem nos deparamos com o estado típico de uma existência ambígua, cujo itinerário oscila entre a sacralidade de uma vida predestinada à salvação e a liberdade das erupções que perfazem a existência mundana inclinada ao pecado. Com base nessa perspectiva, pretendemos utilizar as ideias do pensador romeno Mircea Eliade (1907 - 1986), numa obra intitulada O sagrado e o profano de 1957 para esboçar em linhas gerais as fronteiras que delimitam as esferas do elemento sacro e do elemento profano, que residem firmemente no espírito religioso dos indivíduos. Para o homo religiosus sempre haverá o sagrado, o sobrenatural, pois ele é o elemento santificador que rege a realidade por excelência. Esse homem assume um modo específico de existir no mundo. Na via crucis encarada pelo personagem eclesiástico, relataremos o caso de uma vida religiosa que sofre e cede as influências pecaminosas do mundo ordinário, mas que nem por isso deixa de ser uma existência religiosa. O sacrifício inicialmente intencionado por Jó emite a sacralidade inata à consciência religiosa, a tal ponto que as práticas do cotidiano como alimentação, sexo, trabalho e etc., exibem as próprias expressões do sagrado. Depois, os impulsos voluptuosos da personagem, pouco a pouco vão subtraindo do sexo o elemento sagrado. Lentamente ele se perde em um emaranhado de cheiros e gostos advindos do sexo profano, onde o atrativo é o sabor de um desejo ardente consumado. Através dos resultados, somos levados a concluir que o homem religioso é um ser que tem a vida submetida a dois meios complementares da existência, a saber, o sacro e o profano. |
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