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As relações entre literatura e cinema, embora muitas, são muito perceptíveis nas adaptações
cinematográficas de romances literários. As produções dos dois meios têm dois pontos centrais
que costumam ser comuns em ambas as obras: o fio narrativo das histórias e o emprego de
personagens que conduzam as ações ficcionais. O presente trabalho tem por objetivo principal
analisar de modo comparativo as representações femininas no romance A vida invisível de
Eurídice Gusmão de Martha Batalha (2016) e sua adaptação fílmica denominada A vida
invisível de Karim Aïnouz (2019). Partindo de uma abordagem qualitativa e uma metodologia
interpretativista de cunho comparatista, as análises tomam como aporte teórico a teoria da
adaptação e as considerações acerca das relações entre a linguagem literária e a fílmica, a partir
de Stam (2006, 2008) e Hutcheon (2013), e a teoria de personagem e suas funções para a
narratologia, com as discussões de Dalcastagnè (2005), Rosenfeld (2014), e Assis Brasil (2019).
As análises, inicialmente, abrangem as diversas personagens e alguns aspectos narrativos das
obras e, em seguida, são especificadas com base em duas personagens centrais, as irmãs
Eurídice e Guida Gusmão. Por fim, o diálogo entre o filme e o livro revela aspectos tanto de
convergência quanto de divergência. As personagens femininas são construídas com base nas
limitações impostas pela opressão masculina da sociedade representada, o que as condicionam
a espaços subalternos. Entretanto, as personagens não se limitam unicamente a esses espaços,
mas utilizam os meios que estão ao alcance para se desfazer das amarras pré-definidas, como
por fim tentamos demonstrar. |
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