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A ideia de erro na língua é bastante difundida na cultura da nossa sociedade, tendo sido
reforçada pela concepção historicamente presente nas aulas de língua portuguesa de que
a língua correta é aquela escrita/falada na forma padrão. Essas noções de certo e errado
desconsideram a variação linguística, característica natural da língua, que é heterogênea,
instável e está constantemente em processo de transformação. Ao considerar um
contexto de uso da linguagem, as redes sociais digitais propiciam ao usuário a facilidade
de estar em contato com muitas pessoas que compartilham das mesmas opiniões, isso
faz com que muitos se sintam à vontade para emitir julgamentos com a segurança de que
irão encontrar aceitação. No Youtube é fácil identificar vídeos feitos com o intuito de reagir
a “erros de português” e que são repletos de comentários que menosprezam as variações
linguísticas. Tais vídeos se justificam apenas pelo propósito de “fazer graça”, mas
percebe-se que se torna espaço no qual o preconceito linguístico, revestido de humor, é
disseminado sem moderação. Esta pesquisa tem o objetivo de analisar a ocorrência de
preconceito linguístico em vídeos e comentários no YouTube com a temática “pessoas
falando errado” e “piores erros de português” para fins humorísticos. A presente pesquisa
é de cunho qualitativo de base interpretativista. A análise se realiza com base nos estudos
da variação e atitudes linguísticas, de autores como Bagno (2007, 2009, 2013), BortoniRicardo (2014), Kaufman (2011), Labov (2008), entre outros; e nos estudos na área do
discurso do humor de autores como Bergson (2018) e Possenti (1998, 2007, 2009). |
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