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O presente estudo apresenta os resultados de uma investigação sobre como a narrativa fílmica afrofuturista Pantera Negra (Ryan Coogler, 2018) se constitui um instrumento pedagógico contra-hegemônico capaz de romper com os discursos que a ideologia dominante reproduz sobre a África e os africanos. A escolha do primeiro filme de super herói da Marvel Studios, com elenco e equipe técnica majoritariamente negra, justifica-se por constituir uma narrativa afrofuturista onde a junção de elementos de ficção científica e da mitologia africana possibilita a compreensão e reflexão de temáticas com potencial problematizador, entre elas a condição de vida das pessoas negras africanas e afrodiaspóricas, e a aplicação da Lei 10.639/03. O estudo fundamentou-se em uma pesquisa teórica/documental e, quanto a pergunta norteadora, uma pesquisa do tipo Avaliação porque objetiva “avaliar um produto” no alcance pedagógico do seu conteúdo. Analisamos a narrativa fílmica à luz da Análise de Conteúdo, através de inferências na construção de interpretações a partir do estudo da temática que a obra contempla. A base teórica buscou fundamentar a compreensão da reprodução epistêmica do saber hegemônico nas instituições de ensino, é discutido também sobre afrofuturismo e sobre o cinema como instrumento pedagógico, a saber: Ferro (1992), Mark Dery (1994), Boaventura Santos (1995), Turner (1997), Napolitano (2003), Sueli Carneiro (2005) entre outros. A análise mostrou que os elementos da “linguagem” cinematográfica que a narrativa fílmica apresenta permite que o/a estudante enquanto espectador/a, atribua significados a respeito da história, identidade e cultura africana, promovendo a discussão acerca do caráter pedagógico e afrofuturista do filme, compreendendo este como instrumento que possibilita o reconhecimento e a valorização da identidade africana, e assim contribua para uma educação que promova a igualdade étnico racial e o combate ao racismo e a discriminação. Isso é possível, uma vez que o gênero de ficção científica também permite o envolvimento do/da estudante-espectador/a não negro/a, e principalmente o/a negro/a com a obra fílmica, este realiza-se através da identificação e análise das situações ou personagens, que promovem a reflexão de si, do Outro e da realidade que o cerca. |
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