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SILVA, L. K. M. A escrevivência de Carolina Maria de Jesus, no livro "Quarto de Despejo: diário de uma favelada", como ponte entre a periferia e o mundo letrado: uma "arma" contra a invisibilidade social. 2022. 25 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Letras Português).- Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2022. |
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O presente artigo analisa, de forma reflexiva, a escrita de uma mulher negra e favelada, na
década de 1950, como alternativa de fugir da miséria, da violência e das injustiças sociais que
permeiam até hoje as periferias do Brasil. Carolina Maria de Jesus, catadora de papel, mãe de
três filhos e moradora da favela do Canindé, na Zona Norte de São Paulo, é a autora da obra
analisada, que tem como uma das principais características, resgatar memórias através da
escrita, contando assim, uma literatura de testemunho. É por esse motivo que o presente
trabalho se utilizará do termo “Escrevivência”, cunhado por Conceição Evaristo para sua
literatura. Dessa forma, o presente trabalho busca entender a forma que a autora usou para
transformar, no livro em análise, a escrita como uma representação da liberdade e de
resistência. A escolha da obra autobiográfica como objeto deu-se intencionalmente, pois no
discorrer da mesma, percebe-se com clareza o processo de como a autora transformou-se
numa identidade representativa para vozes oprimidas, trazendo, assim, grandes contribuições
para a literatura brasileira contemporânea. No discorrer do texto, segmentado em três
capítulos, abordaremos respectivamente: a literatura enquanto direito universal, sob a
perspectiva do sociólogo Antônio Cândido (1989), e a maneira como esse direito chega até os
moradores da periferia; a importância da literatura enquanto instrumento que fazia eclodir as
vozes da minoria para o todo, retomando o primeiro conceito de literatura marginal que nos
remete a Poesia Marginal e tendo como base as teorias propostas pelo historiador da literatura
brasileira Alfredo Bosi (1982); a escrita caroliniana enquanto potência oralizante
representativa, apesar de não estar dentro da norma padrão, tendo como base as concepções
do professor e pós-doutor em literatura Luciano Justino (2007), e do linguista Marcos Bagno
(2015); e a escrita autoficcional de Carolina enquanto um fenômeno recorrente da literatura de
testemunho como forma de resistência as opressões sofridas pelo grupo social que ela fazia
parte, conforme observações de Regina Dalcastagné (2005) e Gayatri Spivak (2017). |
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