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Com origens na psicologia, o fluxo de consciência foi assimilado pela literatura como uma técnica narrativa que visa descrever a identidade psíquica dos personagens, simulando a fluidez, a particularidade, a descontinuidade e a simultaneidade da mente humana. Em O conto da Aia, romance canadense de 1985 escrito por Margareth Atwood, acompanha-se o fluxo da consciência de Offred, narradora e protagonista da distopia. Tal artifício funciona há anos em romances ficcionais, mas seria possível o fluxo de consciência em uma mídia visual, como as histórias em quadrinhos? Este é o questionamento que motiva este trabalho, que tem como objetivo analisar como o fluxo de consciência, presente no romance O conto da aia, é adaptado para a história em quadrinhos homônima, de autoria de Renée Nault. Para isso, utiliza-se o aporte teórico de Humphrey (1976); Edel (1964); Moisés (1977); Eisner (2010); McCloud (1995); Rajewsky (2012) e Hutcheon (2011). Concluímos que O conto da aia, história em quadrinhos, adapta o fluxo de consciência: 1) usando o monólogo interior descrito, a livre associação psicológica e o símbolo, de forma similar ao romance, porém deixando o fluxo de consciência mais simplificado e resumido; 2) transformando-o em ação na realidade, o que faz com que ele deixe de ser fluxo de consciência; e 3) utilizando recursos próprios da mídia história em quadrinhos para ilustrar as particularidades do fluxo de consciência, principalmente a simultaneidade da mente, o que demonstra o potencial comunicativo dessa mídia. |
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