Resumo:
A conjuntura do cânone literário brasileiro é marcada pela postura de silenciamento
das etnias marginalizadas e do gênero feminino. Nesse sentido, as mulheres negras,
atravessadas pela interseccionalidade, sofreram o silenciamento de suas vozes, de
modo que foram retratadas pela perspectiva do outro (homem branco). Como afirma
Filho (2004), existe uma gama de obras que objetificam a condição negra partindo de
uma visão distanciada e descompromissada. Desse modo, inúmeros estereótipos
acerca da mulher negra foram reproduzidos e reafirmados em obras literárias,
colaborando com a instauração do ethos da mulher negra hipersexualizada, submissa
e que tem por destino cuidar do outro em detrimento de si. Neste trabalho, a
perspectiva adotada para a compreensão do ethos advém da corrente de AD francesa,
mais precisamente, respalda-se na visão de Maigueneau (2020). O principal objetivo
desta pesquisa é apresentar como a escrevivência da autora Conceição Evaristo
inaugura um novo ethos para o feminino negro, para isso são analisados três poemas
da autora, presentes na obra Poemas de Recordação e Outros Movimentos (2008):
“Do fogo que em mim arde”; “Eu-Mulher” e “Vozes-Mulheres”. Busca-se, portanto,
evidenciar como se constitui a emancipação de mulheres negras nas percepções do
eu lírico dos três poemas em análise e o caráter contra-hegemônico da escrita
feminista negra.
Descrição:
SOUZA, , R. C. R. A (re)construção do ethos feminino negro na poética de Conceição Evaristo: uma análise dos poemas “Do fogo que em mim arde”, “Eu-mulher” e “Vozes mulheres”. 2022. 20 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Letras Português) - Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2023.