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O corpus desta pesquisa é composto pela primeira novela sobrenatural portuguesa, As Obras do Diabinho da Mão Furada. Escrita na primeira metade do século XVIII, foi publicada por Manuel de Araújo Porto Alegre e atribuída a António José da Silva, em 1861, a novela narra a jornada do soldado André Peralta e suas interações com o Diabinho da mão furada. Desse modo, analisar a construção da tentativa de “terceirização” de culpa que ocorre na narrativa é o objetivo geral de estudo desta monografia, desdobrando-se nos seguintes objetivos específicos: 1) discutir as marcas de comportamento dos personagens Diabinho e Peralta; 2) compreender como ocorre a tentativa de “terceirização” de culpa a partir do discurso religioso; 3) refletir sobre uma prática social naturalizada, isto é, a culpa, do ponto de vista cristão, posta em fatores externos; e 4) verificar quais aspectos causam a subjetividade das categorias narrativas para a construção dos personagens. Para tanto, são utilizados os conceitos de ética, de moralidade, de bem, de mal, de culpa e de consciência, teorizados por Nietzsche (2009) e Sartre (2014); alguns estudos sobre elementos narrativos produzidos por Gancho (2002), Aguiar e Silva (2007) e Franco Junior (2003); a tese que aborda a desconstrução de personagens de narrativas bíblicas elaborada por Oliveira (2022); as perspectivas relacionadas à teologia, defendidas por Silva (2007, 2008), Eco e Berkenbrock (2018); a segregação da loucura explorada nos estudos de Foucault (1996); a conceituação dos símbolos construída por Chevalier e Gheerbrant (2001); a noção da era clássica concebida por Moisés (2013) e a visão sobre a criticidade da obra assumida por Pereira (2006). Metodologicamente, a pesquisa é de natureza descritiva bibliográfica. As conclusões da análise mostram a criticidade da obra relacionada aos jogos de palavras, bem como sua construção por meio das personagens; o comportamento contraditório de Peralta; e a prática do Diabinho de responsabilizar diferentes seres por suas ações, sendo essas formas comportamentais capazes de transcender o tempo. |
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