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A obra saramaguiana, em estudo, parece conter, simultaneamente, uma discussão simples, complexa e complicada. Simples por trazer o propósito de, literariamente, destituir uma instituição considerada sagrada, a família de Jesus, de sua sacralidade, no que se refere ao imaginário popular, em boa parte do mundo. Contudo é complexa por envolver múltiplos aspectos como fatos ou dados históricos, traduções, textos, crenças, concepções filosóficas etc. E complicado porque pressupõe interpretações, subjetividades e as necessárias interconexões entre o histórico (em que pese a dificuldade de estabelecer a exatidão deste conceito) e o metafísico, o intangível, em alguma medida. É neste sentido que procuramos discutir a partir de (BACCEGA, 2007), (NETO, 2022) e (KOSLOWSKI, 2016), em que medida essa dessacralização ocorre. Se total, como entender que personagens como Deus e o Diabo estabelecem relações com seres, essencial e definitivamente, humanos, a exemplo de Maria, José e o próprio Jesus? Se parcial, o que cabe ao humano e ao sagrado? E o que estes dois conceitos querem, de algum modo, realmente, dizer? Embora a obra esteja apoiada em documentos considerados históricos, os quatro evangelhos canônicos, importa lembrar que não se trata, segundo o próprio Saramago fizesse questão de ressaltar, de um romance histórico. |
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