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Este trabalho tem como objeto as discursividades produzidas acerca do corpo do sujeito transexual a partir das relações saber-poder envoltas no dispositivo da sexualidade. Para a análise tomou-se como corpus a obra Agreste (Malva-Rosa) de Newton Moreno, dramaturgo Pernambucano. As discussões aqui estabelecidas alinham-se aos pressupostos teórico-metodológicos dos estudos discursivos foucaultianos, de maneira mais precisa, a sua concepção acerca do discurso, do dispositivo da sexualidade e do corpo. Para contribuir com esta pesquisa também recorreu-se ao trabalho de Azevedo (2013), Cól (2018), Fischer (2012), entre outros interlocutores. Assim, a questão norteadora deste estudo é como o corpo do sujeito transexual é discursivizado em Agreste (Malva-Rosa), considerando as relações de saber-poder e os regimes de verdade que o constituem na contemporaneidade? Objetiva de forma geral, analisar os discursos por onde se inscrevem as redes de sentidos sobre o corpo a partir da materialidade da peça. De forma específica, busca: i) discutir acerca da identidade de gênero como um elemento que integra o dispositivo da sexualidade na peça; ii) compreender os sentidos sobre o corpo transexual a partir da experiência da personagem central da obra; iii) entender como o discurso funciona no processo de materialização de dizeres e na propagação do saber-poder como efeitos de verdade no meio social diante da peça. No tocante à metodologia, este trabalho segue uma abordagem descritivo-interpretativa de natureza qualitativa, pelo fato de descrever e interpretar o fenômeno em estudo, considerando as especificidades da realidade social recortada. Ao longo do percurso analítico, viu-se que o corpo transexual em Agreste é um “corpo docilizado” pelo dispositivo da sexualidade, pois este cedeu aos padrões sociais instituídos por meio do discurso patriarcal. Assim, o dispositivo atua sobre esses corpos destoantes que são postos socialmente em um lugar de inferiorização, sob a articulação de saberes e poderes discursivos que neles se inscrevem como vontade de verdade. |
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