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O estudo destaca o ballet de repertório, que tem como principal característica
“transcrever” histórias em coreografias, como é o caso de O Lago dos Cisnes, de Piotr Ilitch Tchaikovsky (1877), obra admirável pela sua excelência artística e de tradução/adaptação. Neste caso, propõe a análise do ballet na sua adaptação para o cinema, Cisne Negro, dirigido pelo norte-americano Darren Aronofsky (2010). Mediante o aporte teórico da Semiótica Antropológica (Rodrigues, 2011), analisa a narratividade constitutiva das performances presentes na dança que constitui a parte final do filme. Para tanto, busca compreender o processo gerador de efetivação dialógica do sentido, na tensão dialética vida x morte/bem x mal, a partir dos elementos de conteúdo e de expressão que tecem o texto (a dança/o espetáculo), em prol do entendimento da temática que estrutura o drama fílmico. Desse modo, parte da realização de um levantamento bibliográfico sobre o cenário sócio-histórico e cultural em que o ballet de repertório O Lago dos Cisnes está inserido, bem como do levantamento, do recorte e da análise do corpus proposto para o estudo. O aporte teórico metodológico da pesquisa sugere que o estudo da performance vise o corpo como uma instância viva (Zumthor, 1997; 2014), plural, discursivo e atualizador das vozes e escrituras (Rodrigues, 2011; 2017), capaz de se mover pela intenção de dizer, porque ao dançar o bailarino produz sentidos que tecem um texto-obra passível de leitura. Isto foi comprovado pelo estudo, uma vez que O Lago dos Cisnes, em sua adaptação/tradução intersemiótica intermidiática para o cinema (Cisne Negro), figurou como um enunciado-dança na cadeia polifônica do ballet de repertório. O estudo revelou ainda que a arte cinematográfica atualizou a representação das personagens do ballet para o cinema, seus dramas psicológicos, tencionando as categorias de análise “corpo e dança”, “físico e psicológico”, o que permitiu validar a ideia de corpo-signo, estabelecida por Bakhtin (1997), bem como o entendimento de que ao dançar o sujeito enuncia a si mesmo e revela múltiplas vozes que o constituem. |
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