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A tradução literária se destaca como um elemento crucial na disseminação e
apreciação de obras entre culturas e línguas distintas, e o tradutor, ao enfrentar
desafios complexos na transposição de textos entre uma língua de partida para uma
de chegada, lida com a reprodução de elementos literários diversos como estilo, tom
e nuances culturais. Discussões exemplificadas por Venuti (1995), enfatizam
práticas de tradução que buscam repensar a noção de invisibilidade do tradutor,
impulsionando pesquisas que exploram o seu papel ativo no processo tradutório,
especialmente nas retraduções de obras canônicas. Adicionalmente, o contexto
contemporâneo destaca a relevância das retraduções, não apenas pela ascensão
das tecnologias digitais, mas também pela necessidade de revitalizar traduções
antigas. Baseando-se nisso, a partir da retradução da obra Animal Farm (1945), de
George Orwell, feita por Paulo Henriques Britto em 2020 para a editora Companhia
das Letras e intitulada como A Fazenda dos Animais, temos como objetivo principal
compreender como as escolhas de tradução se relacionam com aspectos
ideológicos inerentes ao tradutor, relacionando o texto fonte com a primeira tradução
de Heitor Aquino Ferreira, A Revolução dos Bichos (1964), e a retradução de Britto
(2020). Como objetivos específicos buscamos: 1: Refletir se e como a mudança de
título na retradução ressignifica a mensagem central da obra. 2: Identificar possíveis
diferenças de tradução em relação ao texto fonte e 3: Examinar como esses desvios
se relacionam com os posicionamentos ideológicos dos tradutores. A análise crítica
das traduções, à luz das teorias de Britto (2012), Berman (2017, 2013), Venuti
(1995) e Jakobson (2008), busca descrever e analisar as possíveis diferenças
encontradas entre as traduções, usando uma metodologia comparativa e descritiva
baseada nos estudos comparativos da tradução de Williams e Chesterman (2003) e
no conceito de corpus paralelo de Baker (1995). Nesse contexto, o estudo visa
contribuir para os Estudos da Tradução no contexto literário, oferecendo reflexões
sobre o papel da retradução em obras distópicas e destacando a interconexão entre
as escolhas tradutórias e o contexto histórico e político dos tradutores. |
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