Uma leitura crítica das imagens e conteúdos do povo negro na coleção "A escola é nossa"

Abstract

Este trabalho irá abordar a coleção A Escola é Nossa, das autoras: Tavares e Cavalcante (2011), pois sabe-se da necessidade de se analisar as imagens e conteúdos nos livros didáticos, uma vez que ambos podem apresentar ideias preconceituosas ou não com relação a cultura e identidade do povo negro. Dessa maneira, o objetivo que orienta esse trabalho é averiguar e analisar como a imagem e os conteúdos referentes ao povo negro estão sendo apresentadas nos livros didáticos da referida coleção, tendo como base a promulgação da Lei 10.639/03. Para subsidiar a análise do material aqui observado, foram utilizados autores como Bittencourt (2004, 2008); Chiavenato (1999); Silva (1999); Moreira (1996, 2005); Pinsky (2009), dentre outros. E também os documentos oficiais, como os Parâmetros Curriculares Nacionais de História e Geografia (1997); Parâmetros Curriculares Nacionais que apresentam os Temas Transversais e Ética (2001); Parâmetros Curriculares Nacionais de Pluralidade Cultural (2000); Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afrobrasileira e Africana (BRASIL, 2004), dentre outros. A metodologia utilizada para a construção desse trabalho é de caráter qualitativo e descritivo, usamos a análise de conteúdo tanto dos textos como das imagens. Após o estudo bibliográfico foram realizados contatos com as escolas municipais para descobrir qual a coleção mais utilizada. Assim, foi possível identificar as três primeiras: (1ª) Projeto Buriti, (2ª) A Escola é Nossa e (3ª) Aprender Juntos. Estas foram distribuídas entre as estudantes do grupo de pesquisa para análise qualitativa de conteúdos do referido material. Dessa maneira, algumas categorias foram identificadas e nortearam a discussão dos resultados. Nos livros do 2º e 3º ano, as categorias diversidade cultural e protagonismo negro e nos livros do 4º e 5º ano as categorias África, tráfico e trabalho escravo, resistência negra e movimento abolicionista e pós-abolição. Assim, os resultados mostraram que na coleção A Escola é Nossa os conteúdos e imagens já apresentam modificações significativas com relação às categorias elencadas, porém ainda apresentam algumas lacunas e equívocos com relação a cada uma delas, em especial, ao protagonismo negro, ao continente africano e o pós abolição, já que nestas temáticas as informações são pobres e fragmentadas e algumas imagens dos negros são caricaturadas. Nesse sentido, notou-se que ainda é preciso que o livro didático seja reelaborado de maneira que a história e a cultura africana e afrobrasileira sejam valoradas conforme o que está posto na Lei 10.639/03.