"Mulher tem que ter peito" um cordel de dalinha catunda: proposta de análise

Abstract

O presente trabalho se propõe a analisar o cordel intitulado: “Mulher tem que ter peito” da poeta Maria de Lourdes Aragão Catunda. Objetiva-se investigar, de modo interpretativo, fundamentando-se na Retórica e nos preceitos do discurso persuasivo de base aristotélica, a linha argumentativa da voz poética que, a partir da representação de várias personagens femininas, explora questões pertinentes à temática do ser mulher. O corpus foi retirado do blog: cordel de saia, a escolha desse veículo se deu pela acessibilidade e pelo vasto acervo que o mesmo disponibiliza, promovendo a propagação não apenas do cordel, como também das obras escritas por mulheres. Quanto à metodologia, essa é uma pesquisa bibliográfica, crítico-reflexiva, tendo em vista que sua realização se deu por meio da leitura das abordagens teórico-críticas aplicadas nas análises do texto literário. Como aporte teórico, convêm citar, dentre outras fontes, as abordagens de Abreu (1999), Marques; Silva (2006), Chiaradia (2020), Pereira (2015) que contribuem para o entendimento da historiografia da literatura de cordel. Woolf (2020), Queiroz (2006), Saffioti (1987), dentre outras escritoras, esclarecem o percurso histórico da luta feminina ao direito pela composição dos seus versos. Vieira (2005), Borsa; Feil (2008), Venâncio (2007), Calzavara (2019), Bulfinch (2006), colaboram na interpretação do corpus, em especial, no que tange o contexto político, social e histórico das temáticas centrais do folheto. Como resultado, verificou-se que o cordel coloca em cena situações de violência, ao mesmo tempo em que se apresenta como instrumento encorajador para que as leitoras desenvolvam suas percepções diante de casos de abusos e reconhecimento de si mesmas, em especial no que se refere aos estereótipos designados a submergir a importância da mulher na sociedade. Ao final, pode-se concluir que o cordel analisado, além de manter as estruturas tradicionais dos folhetos, também conserva a funcionalidade dos livretos ao dirigir-se aos diversos públicos femininos como veículo instrutivo, a partir de informações pertinentes às mulheres, incentivando-as a refletirem e, talvez, modificarem suas relações sociais e interpessoais. Dentre as contribuições deste trabalho, pode-se afirmar que o mesmo colabora nas discussões referentes aos estudos argumentativos, à literatura popular e a participação feminina no cordel.